Fotos da nossa visita à GNR

quarta-feira, 23 de março de 2011

Visita à Guarda Nacional Republicana

No passado dia vinte de Janeiro de dois mil e onze, quinta-feira à tarde, tivemos a oportunidade de assistir às sessões de Hipoterapia na Guarda Nacional Republicana, na Ajuda.
Esta visita teve como objectivo a observação das sessões para um melhor entendimento do seu funcionamento, o contacto com os profissionais envolvidos e a análise de diversos casos reais.
Tudo começou às 14h15 quando, finalmente, chegámos à Unidade de Segurança e Honras de Estado e fomos gentilmente acompanhadas para o picadeiro do 4º Esquadrão. Nesse momento, as sessões já estavam em andamento, dado que o horário das mesmas é das 14h às 16h, sendo dirigida às terças-feiras para instituições e às quintas-feiras para particulares e para uma instituição que não tem disponibilidade nos outros dias.
A Hipoterapia é uma prática que recorre ao cavalo como co-terapeuta. O corpo humano associa o seu movimento ao movimento do cavalo e este andamento facilita na execução dos exercícios. Tendo em conta esta base, verificámos as aptidões das éguas seleccionadas para esta terapia (a Quimera, a Invicta e a Galdéria). De facto, os cavalos são escolhidos pela sua personalidade e pelos seus andamentos, e não pela sua raça. Os cavalos terapeutas têm de ser pacientes e calmos, de modo a poder-se realizar todos os exercícios propostos sobre eles. Contudo, esta unidade possui apenas cavalos castanhos (possuem o pêlo castanho, mas as crinas e o cabo pretos) e lazões (quer o pêlo, quer as crinas e o cabo são castanhos). Outra particularidade é o tratamento dos cavalos, a nível da limpeza, alimentação e cuidados variados. «O cavalo é como um cão, se lhe fizermos mimos, eles trata-nos bem», disse uma militar da GNR. Assim, os alunos e os instrutores mimam os cavalos com festinhas e cenourinhas.
Os exercícios são escolhidos dependendo do problema e das limitações dos alunos. Durante a nossa visita observámos diferentes exercícios como o levantar das mãos alternadamente, o deitar-se (de costas) em cima do cavalo, bater palmas, rodar os braços, executar alongamentos dinâmicos dos membros superiores, colocar as mãos em cima da cabeça, volta ao mundo (um exercício em que o aluno tem de dar uma volta em cima do cavalo, sentando-se de lado, virado para trás, de lado e novamente sentado correctamente virado para a frente), … Para estes exercícios é importante que os alunos mantenham uma postura correcta. Todos estes exercícios são feitos de modo a que o aluno ganhe mais confiança, aumente o seu nível de concentração e de coordenação dos movimentos. Para os casos mais complicados espera-se que os alunos consigam relaxar os membros, que fiquem mais calmos e que tirem proveito lúdico das sessões.
Quanto mais novos forem os alunos maior é a probabilidade de atingir resultados. No entanto, durante a nossa visita foi possível observar uma vasta classe de alunos. O paciente mais velho tem 48 anos. Ao longo das sessões observámos pacientes com autismo, deficiências motoras e com Trissomia 21. Na verdade, tivemos a oportunidade de contactar directamente com alguns alunos, assim como, com os seus pais e acompanhantes. Um deles, um rapaz alegre chamado Ricardo, com 9 anos, tem dificuldade em falar, não se expressando muito bem. Contudo, nunca se esquece dos dias da Hipoterapia e canta enquanto executa os exercícios em cima do cavalo. No início das sessões tinha medo, mas agora dá “pulos de alegria”. Outra aluna é a Anabela, tem 43 anos e sofre de Trissomia 21, e tem a particularidade de chamar a todos os animais de cão, embora consiga imitar o som de cada um dos animais e, assim, consegue distingui-los. Tem medo do cão (cão), mas também nunca se esquece dos dias em que têm “cão” (cavalo = sessão de Hipoterapia). Segundo a mãe, a Anabela começou as sessões de Hipoterapia há 10 anos, e notam-se pequenas mudanças: encontra-se mais alegre, consegue expressar-se melhor, nota-se uma grande diferença na mentalidade e uma maior concentração. No entanto, a mãe acredita que se tivesse começado em pequenina os resultados seriam melhores.
No final, ainda tivemos a possibilidade de dar duas voltas de cavalo pelo picadeiro e experimentar alguns dos exercícios propostos pelos militares.
De facto, foi uma tarde muito inspiradora, pois todos os alunos, com os seus problemas, deixam o picadeiro com grandes sorrisos, que contagiam a equipa responsável das sessões e todo o grupo Terapia Animali.